Editorial
Teresa Fragoso
Presidente da CIG
O lançamento do novo número da Newsletter eletrónica Notícias CIG coincide com o momento em que nos preparamos para as eleições autárquicas. Por essa razão quisemos aprofundar o debate em torno da situação das mulheres na tomada de decisão política no poder local. Para isso, contámos com a colaboração de Maria Helena Santos, professora no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), CIS-IUL, na nossa secção de OPINIÃO.
Tem sido uma aposta da CIG, no ano em que comemoramos 40 anos, chegar a cada vez mais pessoas. Por essa razão temos vindo a produzir instrumentos eletrónicos que facilitem a partilha de informação relevante na área da igualdade de género junto do público em geral, através do nosso site e Facebook. Assim, e sobre o tema de fundo desta Newsletter, poderá consultar aqui a factsheet: “Poder e tomada de decisão política em Portugal: mulheres e homens nos órgãos executivos do poder local” que nos permite visualizar a evolução da situação nos últimos 3 atos eleitorais.
Neste número poderá também revisitar o documento “Igualdade de Género em Portugal: indicadores-chave 2017”, bem como a factsheet com indicadores sobre a situação de mulheres e homens na tomada de decisão na economia. E se há algo que estes indicadores nos demonstram de forma clara é que, apesar de em algumas áreas da vida em sociedade as assimetrias entre mulheres e homens estarem a diminuir, há áreas fundamentais em que as desigualdades são ainda muito significativas – desde logo no que se refere às disparidades salariais, à desigualdade na partilha das tarefas domésticas e do cuidar, à baixa representação de mulheres na tomada de decisão política e económica e por último, mas não menos importante, à violência de que as mulheres são alvo.
Estas desigualdades são a consequência de uma desigualdade estrutural que assenta em estereótipos de género ou representações sociais de género sobre o que é suposto ser-se ou fazer-se, enquanto homens e mulheres, condicionando as escolhas livres de cada pessoa. Só se resolverão as consequências desenvolvendo trabalho profundo sobre as causas para uma verdadeira transformação da sociedade.
É por essa razão que a recentemente lançada Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania se constitui como uma medida de política pública estrutural para o combate aos estereótipos de género e a promoção da igualdade através da educação, entre outras áreas abordadas, em alinhamento com a Agenda 2030 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ONU. Com esta Estratégia a nossa escola quer formar pessoas responsáveis, autónomas, solidárias, que conhecem e exercem os seus direitos e deveres criticamente, em diálogo e no respeito pelos outros.
Estamos em 2017! Há 41 anos que a Constituição consagra o princípio da igualdade e atribui ao Estado o dever de a promover. Esta é a missão da CIG, mas precisamos de todos e de todas na construção da sociedade justa, igualitária e desenvolvida que desejamos. Conto convosco neste caminho… ATÉ À IGUALDADE!