Dia Internacional das Pessoas Idosas | 1 de outubro de 2024
O envelhecimento populacional está prestes a tornar-se numa das transformações sociais mais significativas do século XXI, com implicações transversais a todos os setores da sociedade – no mercado laboral e financeiro; na procura de bens e serviços como a habitação; na mobilidade e nos transportes; na proteção social; nas estruturas familiares e laços intergeracionais.
Portugal é o 2º país europeu mais envelhecido, só ultrapassado pela Itália (Pordata, 2023).
As Nações Unidas preveem que o número de pessoas com idade acima dos 65 anos aumente mais do que o dobro até 2050. O total deve subir de 761 milhões de 2021 para 1,6 bilhões. O maior crescimento é observado na faixa etária acima dos 80 anos. O envelhecimento rápido ocorrerá em quase todas as partes do mundo e assim, até 2050, exceto em África, terão quase um quarto ou mais das respetivas populações com mais de 60 anos. Grande parte destas populações idosas são mulheres.
Em Portugal seguimos esta “tendência” e, à medida que a idade avança, vai sendo cada vez maior a proporção de mulheres, de tal forma que acima dos 85 anos, elas representam 67,6% do total da população (Fonte: INE/Pordata, 2021). À nascença, as mulheres podem esperar viver, em média, quase mais 6 anos do que os homens, mas estes, aos 65 anos, podem esperar viver, em média, mais anos de vida saudável do que as mulheres.
Assim, temos uma população idosa, feminizada, de baixos recursos socioeconómicos, com condições de vida precárias e com uma saúde física e psicológica muito vulnerável. Se a isto juntarmos os fatores de risco de violência e a discriminação social que recai sobremaneira neste grupo, teremos nesta problemática do envelhecimento feminino um cenário de grandes desafios.
Se há fatores que não podemos mudar, outros há em que podemos intervir, tal como, as imagens estereotipadas correntes na nossa sociedade, em que as mulheres idosas são representadas como fisicamente pouco atraentes e desprovidas de poder. Estas imagens são interiorizadas pelas mulheres e vão atuar como forças de discriminação e de controlo social.
É fundamental promover imagens positivas, de participação, respeito, autonomia, num quadro de envelhecimento ativo, de solidariedade intergeracional e de uma sociedade mais inclusiva para todas as idades. Desta forma, estaremos a combater estereótipos negativos relativamente à idade e ao envelhecimento. Devemos substituir na nossa linguagem, sempre que possível, as “perdas” e “declínios” por “ganhos” e “crescimentos”.
É importante percecionar cada vez mais estas mulheres idosas como um fator para o desenvolvimento, cujas competências devem estar interligadas com políticas e programas transversais.
A persistência de reprodução de estereótipos acompanha todo o ciclo de vida das mulheres, perpetua preconceitos inaceitáveis que estão na raiz da discriminação em razão do sexo e produz, cumulativamente, a discriminação em razão da idade.
Direitos humanos não são opinião.