Dia Mundial das competências da Juventude – 15 de julho
Falemos das competências dos e das jovens. Serão rapazes e raparigas estimulados a adquirirem aptidões de natureza equivalente? Estarão os jovens e as jovens equipados/as com saberes que permitirão enfrentar os desafios futuros?
O «Dia Mundial das Competências da Juventude» celebra-se a 15 de julho, desde 2014 (ONU), com o objetivo de dar visibilidade aos 1,2 mil milhões de jovens, entre os 15 e os 24 anos, que representam 16% da população global. 2024 abraçou o tema «Competências dos Jovens para a Paz e o Desenvolvimento» com o propósito de destacar o papel fundamental que os e as jovens desempenham na construção da paz e na resolução de conflitos.
Competências que se começam a desenhar logo quando se nasce (ou mesmo antes) associada a uma forte componente de género que destina o que meninos e meninas devem ser no futuro (para alguns e algumas um futuro de curto prazo).
O mundo teima em não abandonar os tradicionais papéis de género que “empurram” as meninas/raparigas/mulheres para a reprodução e os meninos/rapazes/homens para as tecnologias, mas também para o conflito. Uma tendência que se vê crescer.
Desde a infância os meninos são incentivados a serem fortes, não manifestarem emoções (‘homem não chora’), a utilizar a tecnologia, enquanto para as meninas permanece a maternidade, as atividades domésticas, o cuidado – quantos meninos já viu a empurrarem um carrinho com uma boneca lá dentro? E quantas meninas já viu de volta de um microscópio? Não se fala aqui de casos isolados. Se, num futuro próximo, este modelo não for contrariado, rapazes e raparigas chegarão ao mercado de trabalho apetrechados de diferentes competências que não deixarão de influenciar as expetativas de uns e de outras. Assimétricos serão, igualmente, os resultados, nomeadamente: os financeiros.
Desde a Revolução de 1974, Portugal tem trabalhado no sentido de fomentar escolhas livres de estereótipos; rapazes e raparigas devem poder escolher as áreas de estudo/profissionais que mais gostam e para as quais estão mais motivados/as.
Se é verdade que profissões tradicionalmente masculinas têm vindo a revelar uma maior presença de mulheres (Exp. Direito, Medicina), outras há que continuam a revelar-se de difícil acesso. Uma das áreas onde se verifica esta dificuldade são as atividades profissionais ligadas às TIC. Segundo dados do Eurostat «mais de oito em cada dez empregos nas TIC são preenchidos por homens» e é precisamente «entre os 14 e os 16 anos que se dá o afastamento das raparigas.». Foi com o objetivo de contrariar esta tendência que nasceu o projeto Engenheiras por 1 Dia, reforçando iniciativas anteriores. As jovens ao não perspetivarem novos horizontes profissionais interiorizam padrões de vida normalizados.
Paralelamente os trabalhos ainda considerados da esfera privada continuam desvalorizados, embora o mundo não sobreviva sem o trabalho de cuidado (“Cuidar o Futuro”, Maria de Lourdes Pintasilgo, 1998|2017), proporcionando baixos rendimentos, ou mesmo nenhuns, e, de acordo com abundante literatura internacional e nacional, permanece a cargo, maioritariamente das mulheres (jovens ou não). Acresce que o mercado empregador continua a penalizar a maternidade o que, consequentemente, interfere, sobretudo, nos rendimentos, nos percursos profissionais e, ainda, no adiar da idade de se ser mãe.
Quer do ponto de vista global como particular percebemos que mantendo este modelo social as competências de uns e de outras serão necessariamente diferentes, contudo deveríamos reunir esforços para jovens e adultos promovêssemos uma cultura de PAZ.