Escola de Mulheres estreia “A companhia dos lobos” de Angela Carter
Lisboa, 17 mai 2024 (Lusa) – A peça “A companhia dos lobos”, da jornalista e escritora britânica Angela Carter, com encenação de Francisco Camacho, é a próxima produção da Escola de Mulheres, a estrear-se no próximo dia 22, no Clube Estefânia, em Lisboa.
Trata-se da primeira vez que a Escola de Mulheres põe em cena um texto de Angela Carter (1940-1992) em Portugal, segundo a companhia.
“A companhia dos lobos” é um conto da jornalista, poeta, escritora e contista, conhecida pela literatura pós-feminista.
Publicado em 1979, o conto foi adaptado, no ano seguinte, pela escritora para uma versão radiofónica, num texto que, segundo a Escola de Mulheres “é representativo de várias características da escrita da autora, como a releitura de contos de fadas; neste caso específico, uma releitura de ‘O capuchinho vermelho’, que afirma uma visão feminista, contrariando as representações repressoras do papel das mulheres”.
A autora “liga a defesa da emancipação das mulheres e da sexualidade destas à dualidade humana e animal, com a importância de atender ao instinto e ao desejo, e acenando a um triunfo simbólico da natureza sobre a crença de pendor religioso”, lê-se numa nota da Escola de Mulheres sobre a peça.
Nesta produção, Francisco Camacho, que também assina o espaço cénico, parte “da versão radiofónica do conto” para desenrolar um “trabalho que vai da transmissão sonora ao espaço cénico, passando pela imagem filmada, amplificando a sucessão de histórias que são contadas na peça radiofónica”.
No palco, a proposta é corporizada por seis performers: Carla Bolito, Carlos Malvarez, Marta Lapa, Sofia Fialho, Ruy Malheiro e Victor Gonçalves.
“É inerente a um texto teatral radiofónico uma invisibilidade de partida, com o repto ao conjunto de ouvintes de imaginar livremente os acontecimentos que ouvem e os ambientes descritos, e de associar figuras às vozes que escutam”, escreve Francisco Camacho sobre a sai encenação da peça.
Acrescentando que ao pô-la em cena “articula essa dimensão com o desafio de paradoxalmente dar a ver algo que deveria ser imaginado por quem ouve, numa perspetiva de desdobramento de sentidos e estabelecendo outras ligações”.
Porque “quer-se estimular o imaginário de quem assiste e escuta”, sublinha o encenador.
Segundo a Escola de Mulheres, esta produção “utiliza ainda a manipulação de diferentes materiais para produzir sons em direto”, num trabalho que “se inspira na prática dos artistas de Foley, que geram e recriam sons para produções audiovisuais”.
“A companhia dos lobos” é a 76.ª produção da Escola de Mulheres, fundada em 1995 por Fernanda Lapa, que a dirigiu até à sua morte, em 2020, com Cucha Carvalheiro, Isabel Medina, Marta Lapa, Cristina Carvalhal, Aida Soutullo e Conceição Cabrita. A companhia assume como missão, desde o início, “privilegiar a criação e o trabalho das mulheres no Teatro e promover novas dramaturgias de temática e escrita femininas.”
Marta Lapa e Ruy Malheiro são os atuais diretores artísticos da companhia.
“A companhia dos lobos” vai estar em cena na sala de teatro do Clube Estefânia até 09 de junho, com sessões de quarta-feira a domingo, às 21:30. No dia 24 de maio, após o espectáculo, haverá uma conversa com o público.
“A companhia dos lobos” tem tradução e apoio dramatúrgico de Paulo Morgado, figurinos de Carlota Lagido, desenho de luz de Paulo Santos, design gráfico de Luis Covas, e vídeo de Eduardo Breda.
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Fonte: LUSA