CIG junta-se à homenagem a Odete Santos |1941-2023
Ex-deputada à Assembleia da República (AR) e militante comunista e dirigente partidária, desde 1974, faleceu hoje Maria Odete Santos, tinha 82 anos.
Nascida a 26 de abril de 1941, no concelho da Guarda. Por circunstâncias profissionais dos pais, que eram professores primários, mudam-se para Setúbal, Odete tem 10 anos. Estudou em Setúbal e licenciou-se em Direito, pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, tornando-se advogada em 1968.
Ligada à atividade política e aos movimentos associativos estudantis desde o início dos anos 1960, será na Faculdade que Odete Santos tomará contacto com o Partido Comunista Português a que aderirá em 1974. Desde cedo, assumiu um profundo compromisso com os/as trabalhadores/as na defesa dos seus direitos e, de militante do PCP, torna-se dirigente e, em 1980, deputada a AR (nas II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX e X legislaturas, de 1980 a 2007)
Enquanto dirigente partidária e deputada à AR, e fora dela, destacou-se nas áreas dos Direitos, Liberdades e Garantias, na defesa dos direitos dos/as trabalhadores/as e dos direitos das mulheres, abordando-os igualmente em conferências, em debates, artigos publicados, mas também em diversas entrevistas. Integrou o Movimento Democrático de Mulheres (MDM)
O combate ao aborto clandestino e a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez foram lutas onde esteve profundamente envolvida. Nos diferentes contextos a que pertencia, foi a principal voz do Partido Comunista Português (PCP) na defesa da despenalização do aborto, em 1984, quando foi aprovada a primeira lei, em 1998, no primeiro referendo e, em 2007, quando ganhou o ‘sim’.
Pelo seu persistente e empenhado envolvimento nas causas a que se dedicou foi agraciada, em 1998, com a Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente de República, Jorge Sampaio.
Considerada a deputada mais mediática do PCP, era uma apaixonada pelo teatro amador, onde se estreou-se em 1966. Em 1991, voltaria a participar numa peça e, em 1999, protagonizou “Quem tem medo de Virgínia Woolf” numa encenação do Teatro Animação de Setúbal. Em 2004 aceitou um convite para participar numa revista, “Arre Potter Qu’É Demais”, no teatro Maria Vitória. Também foi autora de várias obras literárias, das quais se destacam: “Em Maio há cerejas” (2003), e “A Bruxa Hipátia – o cérebro tem sexo?” ( 2010), e uma antologia de poesia escolhida, sob o título “Argamassa dos poemas” (2002).
Ficará como recordação a força que imprimiu ao declamar “Calçada de Carriche” de António Gedeão”.