INE divulga Resultados do Inquérito à Segurança no Espaço Público e Privado
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou os resultados do Inquérito à Segurança no Espaço Público e Privado (ISEPP) 2022, desenvolvido em parceria com a CIG, oferecendo uma visão abrangente sobre a prevalência da violência em Portugal.
Dentre as conclusões, destacam-se as seguintes:
- Amplitude da Violência ao Longo da Vida: Dois quintos da população já vivenciaram pelo menos uma situação de violência ao longo da vida, evidenciando a amplitude do fenómeno na sociedade portuguesa.
- Violência na Infância: Cerca de 1,4 milhões de pessoas dos 18 aos 74 anos (18,6%) sofreram violência na infância, antes dos 15 anos, sublinhando a necessidade de medidas preventivas e de proteção desde tenra idade.
- Assédio Persistente (Stalking): Uma em cada cinco pessoas já foi vítima de assédio persistente, sendo a proporção mais elevada entre as mulheres (23,8%), na população mais jovem (27,6%) e na mais escolarizada (29,0%).
- Variações Regionais e Educativas: A prevalência da violência varia regionalmente, com o Alentejo apresentando a proporção mais baixa (37,8%) e as regiões autónomas da Madeira (48,1%) e dos Açores (46,9%), além da Área Metropolitana de Lisboa (46,8%), registando as proporções mais elevadas. A violência é mais prevalente na população mais escolarizada (49,4%).
- Comunicação e Silenciamento: As vítimas de violência por não parceiros/as foram as que mais relataram suas experiências (66,8%), enquanto as vítimas de violência sexual na infância foram as que mais a silenciaram (29,4%). Cerca de metade das vítimas em contexto de intimidade compartilharam as suas experiências com alguém ou alguma entidade.
- Impacto na Saúde e Bem-Estar: Mais de metade das pessoas que sofreram algum tipo de violência ao longo da vida apresentam limitação geral para a realização de atividades, devido a problemas de saúde.
- Consequências Psicológicas e Físicas: As vítimas de violência em contexto de intimidade foram as que mais referiram consequências psicológicas e físicas decorrentes da violência.
- Perceção Social da Violência: A maioria da população (75,8%) considera a violência exercida contra as mulheres por parte dos parceiros muito comum. A violência contra os homens exercida pelas parceiras também é percebida como comum por 42,0% da população.
- Conhecimento Limitado dos Serviços de Apoio: O conhecimento dos vários serviços/estruturas de apoio a vítimas revelou-se mais baixo no grupo de pessoas que já sofreu algum tipo de violência, evidenciando a necessidade de promover a divulgação e acessibilidade desses recursos.
Estes resultados fornecem uma base significativa para orientar políticas públicas, reforçar medidas preventivas e consolidar esforços no combate à violência em todas as suas formas, contribuindo para a construção de uma sociedade mais segura e justa.