ONU: 90% da população mundial tem algum preconceito contra mulheres
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD – divulgou o relatório “Índice de Normas Sociais de Género” dia 12 de junho. O levantamento revela que 90% da população entrevistada tem algum tipo de preconceito contra as mulheres. O relatório também aponta que 25% dos/as entrevistados/as acreditam que “é justificável um homem agredir sua companheira” e por outro lado, 50% prefere homens em posições de liderança na política.
Segundo Pedro Conceição, chefe do Escritório de Desenvolvimento Humano do PNUD, desde 2019 que o índice de desigualdade de género que é publicado no relatório de desenvolvimento humano não progride; o que pode parecer um pouco contraditório, porque, ao mesmo tempo tem havido objetivos que têm evoluído positivamente em alguns aspetos da igualdade de género, por exemplo, no acesso à educação.
O que aponta para a questão das normas sociais, ou seja, “(…) expetativa(s) relativamente àquilo que a sociedade espera que seja o papel das mulheres em vários domínios da vida, seja no mercado de trabalho, seja no envolvimento com a política, seja em posições de liderança”. Estes preconceitos geram obstáculos para as mulheres e vêm reduzindo seus direitos em muitas partes do mundo, com movimentos contra a igualdade de género a ganhar força e a conduzir a sérias violações dos direitos humanos. Os preconceitos também se refletem na falta de representação feminina em posições de liderança. Em média, a proporção de mulheres como chefes de Estado ou de governo manteve-se em torno de 10% desde 1995. No mercado de trabalho, elas ocupam menos de um terço dos cargos de gerência. O relatório ressalta ainda a falta de conexão entre o progresso das mulheres na educação e o empoderamento económico. Em 59 países, onde mais mulheres possuem formação do que os homens, a diferença média do gender pay gap permanece em 39% a favor dos homens.
O relatório ressalta ainda o papel crucial que os governos têm na mudança das normas sociais de género e aponta medidas como a adoção de políticas de licença parental que mudaram as perceções sobre as responsabilidades do trabalho de cuidado, e reformas do mercado de trabalho que impulsionam a mudança nas crenças sobre as mulheres na força de trabalho. Em países com os níveis mais altos de preconceito de género, estima-se que as mulheres gastem seis vezes mais tempo do que os homens em trabalhos de cuidado não remunerados.
Este documento enfatiza também que mudanças podem ocorrer e passar nomeadamente, pelo investimento em leis e medidas políticas que promovam a igualdade das mulheres na política, fortalecendo sistemas de proteção e assistência social e encorajando inovações para desafiar normas sociais, atitudes patriarcais e estereótipos de género. Segundo o estudo, combater o discurso de ódio online e a desinformação de género pode ajudar a mudar as normas de género e aumentar a aceitação e igualdade. O relatório recomenda abordar diretamente as normas sociais por meio da educação para mudar as opiniões, reconhecendo os direitos das mulheres em todas as esferas da vida e ampliando a representação na tomada de decisões e nos processos políticos.