Combate à MGF em reflexão no concelho da Moita
Com vista a assinalar o dia de Tolerância Zero Mutilação Genital Feminina, teve lugar no dia 5 de fevereiro, na Baixa da Banheira, concelho da Moita, o 6.º Encontro Regional para a Intervenção Integrada pelo Fim da Mutilação Genital Feminina.
A Mutilação Genital Feminina é um drama que continua a assolar muitas meninas e jovens mulheres um pouco por todo o mundo e Portugal não é exceção. Segundo o jornal Público, só nos primeiros 2 meses de 2022, “o Hospital Amadora-Sintra já identificou cinco casos de mutilação genital feminina”. Nesta unidade hospitalar, “a equipa criada em 2015 identificou 217 casos nos últimos seis anos.”
O encontro contou com as presenças da Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, do Presidente da Câmara Municipal da Moita, Carlos Albino e da Presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), Sandra Ribeiro, que destacou a importância da criação de “redes para uma a intervenção integrada nos diferentes territórios”.
Durante todo o dia foram debatidos diversos assuntos relacionados com esta problemática, através da partilha de experiências de intervenções comunitárias em curso, além do papel da saúde na prevenção e apoio a sobreviventes. Apresentaram-se também experiências de ativistas nacionais na Europa e na Guiné-Bissau.
Neste 6.º ano de partilha, salientou-se o facto de existir um crescente protagonismo de raparigas e mulheres das comunidades afetadas nos trabalhos de prevenção da MGF, nomeadamente na qualidade de ativistas e técnicas de projetos de prevenção e combate à mutilação genital feminina.
A Presidente da CIG reiterou o compromisso de continuar a apoiar projetos da sociedade civil, em particular os promovidos pelas associações representativas das comunidades afetadas. Salientou ainda o reforço das redes integradas de intervenção no combate à MGF consubstanciadas no projeto “Praticas Saudáveis”, tendo como pontos focais profissionais de saúde pública na grande maioria dos Agrupamentos de Centros de Saúde da Área Metropolitana de Lisboa. “Foram apoiados muito recentemente mais 9 projetos (com reforço financeiro em relação às edições anteriores), que irão incidir particularmente nos territórios de Lisboa, Amadora, Sintra, Almada, Loures, Moita, Barreiro, Setúbal, bem como ainda na área do Grande Porto”, lembrou Sandra Ribeiro.
Atualmente, o combate à prática da Mutilação Genital Feminina está inscrito no Plano de Ação para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e à Violência Doméstica, um enquadramento formal que sublinha mais a dimensão de género desta prática.