Nota de Pesar – Lourdes Castro
A Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género manifesta o seu pesar pelo falecimento da pintora e artista contemporânea Lourdes Castro (1930-2022). Aos 91 anos (completados no dia 9 de dezembro), Portugal despede-se da artista das sombras.
Lourdes Castro faleceu hoje, 8 de janeiro, no Funchal, cidade onde nasceu, na ilha da Madeira, de onde saiu com 20 anos para regressar definitivamente aos 53 anos. Decidiu abandonar Paris, onde viveu mais de 25 anos, e onde era artista consagrada, para voltar à Madeira.
Frequentou o curso de Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, curso que não chegou a terminar porque decide abandonar a Escola partindo para Munique (1957) e depois para Paris (1958). Na cidade luz criou o grupo KWY junto com o marido, René Bertholo, e outros artistas, um movimento que «“partia do princípio de que a realidade era apropriável para o interior do mundo da arte – tudo se poderia converter em imagem artística, desde os cartazes meio arrancados das paredes até aos desperdícios do quotidiano”, escreve Delfim Sardo sobre a complexidade da obra da artista». (Expresso). Em 1983 abandona Paris e regressa à Madeira.
Segundo Maria Antónia Fiadeiro, no decurso de uma entrevista feita a Lourdes de Castro, em Agosto de 1989 «Tudo lhe serve de suporte para as sombras. Papel, tela, plexiglass, azulejo, tapeçaria, panos, paredes. Fez serigrafias com as primeiras sombras projectadas, sombras deitadas, sombras à volta do centro, além do teatro. Em 1972, iniciou o grande Herbário de Sombras, na Madeira, com o registo de mil espécies botânicas, sobre papel heliográfico, com etiquetas com o nome científico e com o nome vulgar.» Diria a artista «A sombra é o mínimo que se pode dizer de qualquer coisa.» (Artistas, Artesãs, Pioneiras, pp.311/316).
Considerada uma das mais importantes artistas portuguesas da atualidade, Lourdes Castro foi amplamente galardoada. Em 2000, representou Portugal na XVIII Bienal de S. Paulo (juntamente com Francisco Tropa). Em 1992, a Gulbenkian apresentou uma retrospetiva do seu trabalho, mas também, em 2010 a sua obra foi exposta (juntamente com o trabalho de Manuel Zimbro), na importante retrospetiva “À luz da sombra”, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto. Em 2021 a ministra da Cultura, Graça Fonseca, atribuiu-lhe a medalha de Mérito Cultural.