Estudo demonstra que trabalhadoras das limpezas estiveram mais expostas à COVID-19
Foram apresentados, no dia 26 de outubro, as conclusões do estudo “Limpezas em tempo de pandemia. Entre a precariedade e os riscos na saúde das trabalhadoras dos serviços de limpeza”, uma investigação que pretende avaliar os impactos da COVID-19 entre as trabalhadoras dos serviços de limpeza, quer em termos da sua exposição ao risco para a saúde, quer no agravamento das suas condições de trabalho.
De acordo com as conclusões retiradas por Isabel Dias (que coordenou), Alexandra Lopes, João Batista, José Azevedo, Pedro Norton, Ana Sofia Maia e Pedro Marques, 50% das pessoas inquiridas sente que a profissão as coloca em risco de contrair COVID-19 e 62% das trabalhadoras sentiram-se agitadas, ou facilmente alarmadas.
Não sendo possível a realização de teletrabalho e deslocando-se a grande maioria utilizando os transportes públicos, “a própria ida para o trabalho se transformou numa atividade de risco, nas paragens de autocarros e nos autocarros”, ao mesmo tempo que “estiveram e continuam na linha da frente, mas passam largamente despercebidas e invisíveis”, salientou a Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, na abertura da sessão.
Para Rosa Monteiro, continua a existir uma “persistente desvalorização do trabalho desenvolvido por mulheres e associado às dimensões do cuidado”, pelo que é necessário assegurar sempre o “cruzamento da análise das questões laborais e de proteção social, com a promoção da igualdade de género.”
Da mesma forma, a Presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género lembrou serem estas, estas “mulheres que trabalham num setor quase cem por cento minimizado” no qual “têm salários muito baixos, sempre vinculados ao salário mínimo nacional e no qual de uma forma geral não progridem, porque tendem a mudar de empresa de quatro em quatro anos”, apesar de ser um “trabalho que foi considerado essencial do ponto de vista genérico” durante a pandemia.
Para Sandra Ribeiro, “não valorizar o trabalho das mulheres, de alguma forma contribui para a manutenção do status quo das mulheres em setores tipicamente mal pagos.”
Este estudo foi coordenado pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, com o apoio do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Teve financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto “Limpezas em tempo de pandemia: entre a precariedade e os riscos na saúde das trabalhadoras dos serviços de limpeza” (Apoio Especial Gender Research for COVID 19).
Leia a intervenção da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro