CIG lamenta a morte de Isabel da Nóbrega
Chamava-se Maria Isabel Guerra Bastos Gonçalves, mas seria pelo pseudónimo Isabel da Nóbrega que seria conhecida. Morreu esta quinta feira, 2 de setembro de 2021, tinha 96 anos.
Mulher insubmissa e destemida. Num país limitador, sobretudo para as mulheres, tornou-se escritora. Abraçou diferentes géneros: o romance, os contos, a literatura infantil e o teatro. Também fez traduções. Conquistou lugar no universo literário nacional quando, em 1965, lhe foi atribuído o prémio Camilo Castelo Branco com a obra Viver com os Outros. Foi uma das fundadoras do jornal A Capital. Escreveu no Diário de Notícias, no Diário de Lisboa e, ainda, no Primeiro de Janeiro. Divulgou poesia junto de trabalhadores.
Em 1976 organizou o 1.º Congresso de Escritores da APE. Fez televisão e rádio. Mulher multifacetada, dotada de uma imensa cultura, foi amiga de Natália Correia, Sophia de Mello Breyner, colaborou com Isabel Barreno, Augusto Abelaira, Sérgio Ferreira Ribeiro, Natália Nunes, Agustina Bessa-Luís e Maria da Conceição Homem de Gouveia entre muitas outras pessoas.
Nascida no último ano da República, a infância viveu-a na Ditadura Militar e na instauração do Estado Novo e a adolescência mergulhou-a nos regulamentos da Ditadura. Cresceu no Fascismo tornando-se adulta, contestatária e emancipadora. Queria as mulheres livres da grilheta patriarcal. Lutou por isso com sabedoria. A Revolução de 1974 trouxe-lhe essa esperança.
A CIG lamenta com pesar a partida de Isabel da Nóbrega, mas recordará sempre esta mulher inspiradora através dos títulos que reúne no seu Centro de Documentação e que estão acessíveis a todas as pessoas que os queiram consultar. São eles: Os anjos e os homens, (1952); O filho pródigo ou o amor difícil, (1954); Viver com os outros, (1964); Já não há Salomão … (1966); Solo para gravador (1973); Sobre a condição da mulher portuguesa (1968).