Desigualdade de Género no Ensino Superior em debate no Pontos nos ii
Sandra Ribeiro, Presidente da CIG, participou no programa Pontos no ii, do Porto Canal, sobre o tema “Desigualdade de género no ensino Superior”. Estiveram presentes ainda, Maria João Viamonte, Presidente do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) e Marco Teixeira, Presidente da Federação Académica do Porto.
Tendo como base a escolhas dos cursos nas áreas das tecnologias, a presidente do ISEP referiu que nunca sentiu essa distinção no seio familiar, pelo que a escolha por um curso relacionado com a engenharia foi natural. Reconhece, no entanto, que “as coisas têm vindo a melhorar, mas ainda há um longo caminho pela frente.”
Sandra Ribeiro defendeu que a questão da desigualdade nasce ao mesmo tempo que a criança. “Quando nascemos já estão à nossa espera com brinquedos de meninos e de menina, com roupinhas e decoração em azul ou rosa.” Continua, afirmando que “as meninas aspiram a casa e os meninos aspiram à lua”, razão pela qual, as meninas consideram que os meninos têm mais jeito paras as áreas tecnológicas, para as quais são mais capacitados”. Defende, assim, que na infância não deve haver qualquer tipo de obstáculos à escolha das brincadeiras e de brinquedos por parte das crianças. “Na infância temos de lhes dar o que quiserem para brincar, com toda a liberdade”, remata.
Marco Teixeira considera sobre este assunto que o ensino superior há tradicionalmente mais mulheres em certos cursos e noutros mais homens, mas esta “questão tem sido debatida pelos jovens, tendo, para isso, de se analisar a construção social”.
A Presidente da CIG recordou o Projeto Engenheiras por Um Dia, iniciado em 2017 e que é uma âncora do trabalho de combate à segregação na educação e profissões e que “deverá ser disseminado o mais possível, referiu. “É fundamental “esclarecer as raparigas, para que possam ir para outras áreas, nomeadamente as científicas”.
Contando já com 4 edições, é um projeto de iniciativa da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, coordenado pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género em articulação com Carta da Diversidade (APPDI), Instituto Superior Técnico e Ordem dos Engenheiros e envolve 53 entidades parceiras – empresas e municípios, 22 escolas e 12 institutos de ensino superior. As anteriores edições do projeto já envolveram 7975 jovens do 3º ciclo e ensino secundário, em mais de 350 atividades práticas laboratoriais, sessões de role model e mentoria.
Relativamente aos cargos de liderança, considerou que “há um défice de mulheres a assumir esses cargos nas universidades. Nas empresas cotadas em bolsa esta realidade já está a mudar porque há uma lei que obriga a ter paridade nos conselhos de administração e nas universidades também deverá mudar”, defendeu a Presidente da CIG. “Ainda não conseguimos ultrapassar o mito de que o homem é o provedor e a mulher a cuidadora” o que significa que quando as mulheres chegam aos cargos de direção “têm de demonstrar maior capacidade. E isto não devia acontecer.” A sociedade ainda não percebeu que a divisão de tarefas é a base do acesso aos cargos de direção e igualdade no marcado de trabalho”, defendeu Sandra Ribeiro, Presidente da CIG. Concluiu reforçando a ideia de que é necessário inverter a tendência de as raparigas fecharem as portas às TIC e ao mesmo tempo, ter mais profissionais mulheres no mercado de trabalho. “A CIG vai continuar a trabalhar com as universidades nesta matéria”, concluiu.