Relatório de Desenvolvimento Sustentável 2020 revela revés no alcance dos ODS
O relatório “Desenvolvimento Sustentável 2020”, das Nações Unidas, constata que a pandemia causada pelo coronavírus (Covid-19) está a provocar sérias perturbações para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) acordados pelos 193 países até 2030. Embora o progresso para a consecução de tais objetivos tenha vindo a ser lento, especialmente nos países Asiáticos em que a regressão foi registrada ainda antes da pandemia, a crise mundial está agora a desfazer décadas de avanço, em apenas alguns meses.
Relativamente ao progresso verificado até ao início da pandemia, por Portugal, o referido relatório regista que o país aparece classificado em 25º lugar, num total de 193 países, com uma pontuação global ao nível da concretização dos ODS de 77,65%. Relativamente ao ODS 5 “Igualdade de Género”, que visa alcançar a Igualdade de Género e capacitar/empoderar todas as mulheres e raparigas, é referido no mesmo relatório, que permanecem desafios mas a evolução para atingir as metas é tendencialmente positiva.
Apresentado em Junho passado pelo Departamento de Assuntos Económicos e Sociais da ONU, o relatório enfatiza que o coronavírus está a desencadear um revés sem precedentes no progresso dos ODS, com as comunidades mais pobres e vulneráveis do mundo a suportar o impacte humano.
De acordo com a mesma fonte, antes da pandemia, o mundo estava a progredir lentamente no sentido de cumprir os 17 ODS definidos mas agora, mesmo naqueles em que foram registados avanços – saúde materno-infantil, expansão do acesso à eletricidade e aumento da representação das mulheres – estão a ser ameaçados.
Estimam as Nações Unidas que 71 milhões de pessoas voltem a encontrar-se em situação de pobreza extrema este ano, marcando o primeiro aumento da pobreza global desde 1998.
De acordo com os analistas da ONU, os grupos mais vulneráveis e afetados pelos efeitos do novo Coronavírus serão as crianças, a população migrante, os idosos e as mulheres.
Historicamente, as mulheres são especialmente vulneráveis durante períodos de crise e, de acordo com o relatório, o mesmo está a acontecer com a presente pandemia: a violência doméstica, o casamento infantil e a mutilação genital feminina (MGF) já estão a aumentar; com o encerramento de escolas e serviços de assistência à primeira infância, mulheres e raparigas estão a assumir a responsabilidade das tarefas domésticas e de prestar cuidados. Para além destes fatores, refere ainda o relatório, as mulheres também representam 70% dos profissionais de saúde em todo o mundo encontrando-se mais expostas ao vírus, na prestação de cuidados primários.
O aumento da violência doméstica causado por medidas de confinamento e a inacessibilidade a consultas de saúde sexual e reprodutiva, colocaram, igualmente, o anterior progresso favorável do objetivo da Igualdade de Género e da capacitação/empoderamento das mulheres, em causa.
Em suma, as metas para eliminar a pobreza, a fome e a desigualdade de género e promover a saúde, o bem-estar e o crescimento económico sofrem, de acordo com o referido relatório, ameaças sérias à sua consecução.