Manual Nacional EQUI-X apresentado em Coimbra
O “Manual de Promoção de Igualdade de Género e de Masculinidades Não Violentas”, resultado do projeto EQUI-X, foi lançado no CES–Centro de Estudos Sociais, em Coimbra, tendo a Presidente da CIG, Teresa Fragoso procedido à abertura do evento.
Este projeto tem financiamento da União Europeia e em Portugal foi desenvolvido pelo CES – Centro de Estudos Sociais-Universidade de Coimbra e pelo Promundo Portugal entre janeiro de 2018 e dezembro de 2019, com jovens com idades entre os 12 e os 18 anos em escolas públicas do 2.º e 3.º ciclo do ensino básico, e jovens das mesmas idades a cumprir medidas educativas em Centros Educativos, nomeadamente na Escola Secundária Infanta D. Maria e Agrupamento de Escolas de Portugal.
O Manual destina-se a apoiar educadores e educadoras e outros/as profissionais, tendo por base uma abordagem de género e um processo de aprendizagem assente na experiência e formação pessoal dos e das jovens, com vista a desenvolver as capacidades necessárias para questionar atitudes nefastas e desiguais que contribuem para situações em que estereótipos de género e até violência baseada no género são reproduzidos, tolerados ou até aceites.
Como balanço final da participação no projeto EQUI-X, foram lançadas às e aos participantes algumas questões:
1) O que pensei e senti quando soube que íamos participar num projeto de construção de masculinidades não violentas?
“Senti-me feliz, e bem sei que é uma descrição vaga, mas era isso. Estava feliz de finalmente algum adulto, e ainda por cima na escola, um ambiente que se encarrega de construir essas mesmas masculinidades violentas, se mostrar interessada em combater essa estupidez, desculpe a expressão, que é a masculinidade tóxica.”
2) Que ideias prévias eu tinha acerca destes temas?
“Já era educado neste tema. Cresci num meio mais liberal nesta questão e pude explorar a minha masculinidade de várias formas, algumas a contragosto do meu pai que como todos os adultos vem de uma geração geralmente muito fechada a estas reflexões.”
3) Como essas ideias prévias foram abordadas/desafiadas/transformadas no projeto?
“Mesmo já tendo ouvido falar deste tema percebi que havia muito mais a falar e a conhecer. Com as explicações do Tiago apercebi-me que, sendo o homem “o ser” à volta do qual gira toda a nossa sociedade, tudo o que afeta negativamente o homem iria afetar negativamente outras pessoas criando os diversos problemas com que a nossa sociedade se debate agora. Sei agora onde é preciso gastar a minha energia. Para acabar com o machismo temos de desconstruir os rapazes e pô-los a pensar, mais do que às raparigas.”
4) Qual a relevância pessoal da reflexão sobre estes temas e que mudanças originaram em mim?
“Sei que ainda tenho muito que estudar sobre estes temas, principalmente sobre sexo e sexualidade. Houve duas sessões em que falámos sobre o uso de preservativos e o consentimento e o assédio, um tema que deixou alguns rapazes desnorteados, não que eles o mostrassem durante a sessão. “Agora tens de pedir permissão para tudo!”, sim, é esse o objetivo, e se isso te incomoda não te aproximes de ninguém.”
5) Qual a relevância destas reflexões para jovens em idade escolar?
“Estas discussões são importantes pois permite-nos, muito frontalmente, saber de quem te afastares na turma. Ao mesmo tempo sabes quem são as pessoas que têm os pés assentes na Terra e o bom senso a trabalhar. Para além disso acho que não dá a nenhum machista ou LGBTfóbico a desculpa para espalhar o ódio sob o disfarce de não saber o que está a dizer ou a fazer.”
6) Outros comentários pessoais.
“Achei uma discussão muito útil, mas infelizmente tardia. Muitos dos rapazes, visto que era neles que a discussão incidia, já perceberam que ser machista não é fixe, que não é normal expressar opiniões impopulares em voz alta e que mulheres não vivem para homens. Mas ainda há imenso preconceito contra a comunidade LGBT, e apesar de esse ter sido um tema discutido, o sentimento de nojo não diminuiu. Em que século estamos mesmo?”