Germana Tânger morre aos 98 anos
Prémio Mulheres Criadoras de Cultura em 2013
Atriz, pedagoga e declamadora, Germana Tânger dedicou a sua vida à palavra, à poesia portuguesa e aos seus autores.
Foi uma das agraciadas com a Distinção Mulheres Criadoras de Cultura, na sua primeira edição, em 2013, na categoria Teatro. Promovida pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) em parceria com o Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais (GEPAC) este galardão tem por objetivo dar visibilidade às mulheres que se notabilizam na produção cultural.
Conhecida por ser a voz de Álvaro de Campos, levou a “Ode Marítima”, do heterónimo de Fernando Pessoa, ao palco do Teatro da Trindade, pela primeira vez, em 1959, local onde se despediria dos palcos em 1999 com o mesmo poema.
A sua carreira na arte de dizer poesia iniciara, no entanto muito antes, quando começou por dizer “O Corvo” de Edgar Allan Poe, traduzido por Fernando Pessoa, por sugestão de Almada Negreiros, com quem privou no princípio da sua carreira.
Durante as décadas de 40 e 50 fixou-se, primeiro em Paris, onde deu continuidade aos seus estudos da palavra e da arte da dicção para depois firmar a sua carreira de declamadora no Brasil, onde se instalou quando o seu marido Manuel Tânger foi transferido para o Rio de Janeiro como adido cultural.
Ao regressar a Portugal, ainda na década de 1950, começou a dar aulas no Conservatório e os seus programas na RTP e na RDP levaram a todo o território português e à comunidade lusófona espalhada pelo mundo o gosto pela palavra.
Em 2010, com 90 anos foi homenageada pelo Festival ao Largo, promovido pelo Teatro Nacional de São Carlos e três anos depois o Teatro Nacional D. Maria II assinala o Dia Mundial da Poesia, com a inauguração de uma placa com a inscrição do seu nome junto ao Salão Nobre.
O Presidente Jorge Sampaio agraciou-a com o Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, tendo recebido ainda a Medalha de Mérito da Câmara Municipal de Lisboa e a Medalha de Mérito de Sintra.
O funeral realizou-se, a 24 de janeiro, partindo da Basílica da Estrela para o Cemitério de Queluz.