Dia Internacional das Raparigas: “A visão das raparigas para o futuro” é o tema de celebração este ano
Neste Dia Internacional das Raparigas é fundamental lembrarmo-nos de todos os fatores de discriminação que ainda persistem e, em alguns casos, os que se estão a agravar. Por outro lado, é um momento global importante para amplificarmos as suas vozes, reconhecendo e defendendo os seus direitos.
Ser uma rapariga não deveria determinar o que se pode fazer, onde se pode ir, ou quem se pode tornar. Mas esta é a realidade de milhões de meninas em todo o mundo. Muitas são deixadas para trás, confrontadas com desafios extremos que lhes negam os seus direitos, restringem as suas escolhas e limitam os seus futuros.
Há muitas raparigas que estão impedidas de exercer os seus direitos e liberdades mais básicos, confinadas às suas casas, sem esperança de ter uma educação ou independência económica. Para as raparigas cujo acesso foi limitado ou vedado à educação, podemos afirmar que lhes foi negado o total desenvolvimento do seu potencial, para além de ser uma terrível violação dos direitos humanos. Impedir a educação é uma forma de as tornar mais vulneráveis à pobreza e a desigualdades múltiplas.
Atualmente, a eliminação do casamento infantil ainda está a 300 anos de distância. Se nada mudar, e segundo a ONU, até 2030, 110 milhões de mulheres e meninas que deveriam estar a estudar, não o estarão e 340 milhões ainda enfrentarão as duras dificuldades da pobreza extrema.
A violência sexual associada a conflitos é uma forma devastadora de ataque e de repressão, que tem efeitos duradouros e prejudiciais para a saúde física, sexual, reprodutiva e mental das raparigas. Apesar da sensibilização e da condenação generalizadas, este crime hediondo continua a ser perpetrado em todo o mundo. Com demasiada frequência, os agressores saem em liberdade enquanto as sobreviventes passam a vida inteira a tentar recuperar.
A estes fatores de discriminação, muitos outros se poderiam juntar.
A UNICEF desenha, também, um quadro incompatível com os desígnios dos direitos humanos:
- Hoje, 1 em cada 5 mulheres jovens entre 20 e 24 anos casou-se quando
era criança; - Quase 1 em cada 4 adolescentes casadas/com parceiro já sofreu abuso sexual ou físico;
- Globalmente, 75% das novas infeções por HIV entre adolescentes ocorrem em meninas;
- Quase o dobro do número de raparigas adolescentes (1 em cada 4) em comparação aos rapazes não recebe nenhum tipo de educação, formação ou emprego.
Celebrar este dia também é abrir uma janela de esperança e constatar que, em todo o mundo, as raparigas estão a reagir – confrontando o sexismo, combatendo os estereótipos e criando mudanças nos campos de futebol, nas escolas e na praça pública. Temos de ouvir as suas vozes e apoiá-las. Quando as mulheres e as raparigas lideram, podem mudar atitudes, gerar progressos e promover políticas e soluções que atendam às suas necessidades.
Um futuro mais justo e solidário só se pode construir com a participação plena das mulheres e das raparigas.