50% das mulheres não tem acesso a planeamento familiar e saúde sexual
Dia Mundial da População | 11 Julho
“Para não deixar ninguém para trás, é preciso contar todas as pessoas”
Na mensagem de 2023 do Secretário-Geral da ONU, António Guterres salientou que a “igualdade de género está a quase 300 anos de distância. O progresso na melhoria da saúde materna e do acesso ao planeamento familiar têm sido lentos. A discriminação baseada no género prejudica todos – mulheres, meninas, homens e rapazes.”
Em termos demográficos, Portugal confronta-se com a tendência global. A sua população total situa-se nos 10 639 726 de pessoas (5 083 568 Homens/ 5 556 158 Mulheres) (Fonte: INE) e, em apenas uma década assistiu-se a um aumento de 13,7 meses na esperança de vida à nascença para o total da população nacional (mais 18,8 meses para os homens e mais 10,4 meses para as mulheres).
Esta evolução resulta de uma diminuição na mortalidade em idades iguais ou superiores a 60 anos, com as mulheres a atingirem idades mais avançadas do que os homens. Temos, que a esperança de vida aos 65 anos, no período 2021-2023, foi estimada em 19,75 anos para o total da população, com os homens a poderem esperar viver mais 18,00 anos e as mulheres 21,11 anos (Fonte: INE).
Neste Dia Mundial da População sublinha-se a dimensão dos seus diversos desafios reconhecendo que “A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é o modelo mundial para um futuro melhor para todos, num planeta saudável. No Dia Mundial da População reconhecemos que esta missão está estreitamente relacionada com as tendências demográficas, incluindo o crescimento populacional, o envelhecimento, a migração e a urbanização.”
Em 2024, o tema “To Leave No One Behind, Count Everyone”, reforça a importância de não deixar de lado as franjas mais vulneráveis da população. O levantamento de Dados tem sido crucial para o conhecimento global da população e, consequentemente, proporcionar-lhe melhores condições de vida. Contudo, algumas comunidades permanecem fora destas recolhas estatísticas o que pode prejudicar as suas vidas e o seu bem-estar.
Presentemente, estima-se que o total da população se situa em cerca de 8 mil milhões de pessoas. Destas, cerca de 50% são mulheres e meninas que na sua maioria não têm acesso a sessões de planeamento familiar, ou a educação sexual e, frequentemente, as políticas populacionais ignoram-nas e desvalorizam os seus direitos. As desigualdades, assim como as diversas formas de marginalização, têm-se sobreposto a uma cultura de bem-estar coletivo.
Ainda, também à escala global, e independentemente do grau de desenvolvimento económico dos países, há um visível envelhecimento da população. É inegável que o aumento da esperança de vida é uma das maiores conquistas da humanidade (alcançada por diferentes melhorias nutricionais, de condições sanitárias, em avanços na medicina, nos cuidados com a saúde, no ensino e no bem-estar económico).
Contudo, também apresenta grandes desafios sociais, económicos e culturais para as pessoas, para as famílias, para as sociedades e para a comunidade global.
Para a maioria da população, a existência humana decorre de forma diferente para homens e para mulheres. Também o envelhecimento é um processo que atinge homens e mulheres de forma diferente. As relações de género estruturam todo o curso da vida, influenciando o acesso a recursos e oportunidades, com um impacto contínuo e com resultados diferenciados entre os sexos, com prejuízos mais acentuados para elas.
Mundialmente assiste-se a um aumento dos níveis de urbanização e de migração acelerada em detrimento das zonas rurais. A longo e médio prazo, estas tendências têm consequências de diferente ordem, nomeadamente no desenvolvimento económico, no emprego, na distribuição da riqueza, no controlo da pobreza e das proteções sociais. Acresce que com os efeitos das alterações climáticas se teme o limite dos recursos do planeta.
O aumento da população mundial é um fator importante na equação da sobrevivência das sociedades humanas a longo prazo. Recuperando as conclusões do último Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (apresentadas a 13 de março), verifica-se que “O progresso desigual do desenvolvimento está a deixar para trás os mais pobres, agravando a desigualdade e fomentando a polarização política à escala global.”