Moçambique/Ataques: Mais de 3 mil mulheres vítimas de violência em Cabo Delgado desde 2019 – ONG
Maputo, 28 mai 2024 (Lusa) – A Associação Moçambicana das Mulheres de Carreira Jurídica estimou hoje em mais de 3.000 o número de mulheres vítimas de vários tipos de violência desde 2019 em Cabo Delgado, província assolada por uma insurgência desde 2017.
“De 2019 até hoje, foram vários os casos assistidos, sendo que trabalhamos nos mais graves, que precisavam de uma assistência com urgência (…) em mais de 3.000 mulheres que nós atendemos”, disse Augusta Iaquite, a delegada na província de Cabo Delgado daquela organização não-governamental, à margem da conferência nacional do projeto “Género e Cidadania”,
Iaquite afirmou que os mais de 3.000 casos reportados estão ligados sobretudo à violência doméstica, violação sexual, assédio e abandono, assinalando que o problema se acentuou no período da pandemia da covid-19, referiu, à margem do evento organizado pelo Fórum Mulheres, que decorre entre hoje e quarta-feira na cidade de Maputo.
“Neste período, além da pandemia da covid-19, vivemos ataques de insurgentes em Cabo Delgado, o que aumentou o número de violações, relacionado com o conflito patrimonial dentro das famílias”, frisou Augusta Iaquite, acrescentando que, no mesmo período, foram assistidos 500 homens, também vítimas de vários tipos de violência.
Para fazer face ao problema, nos últimos cinco anos, a Associação Moçambicana das Mulheres de Carreira Jurídica (AMMCJ) recorreu à palestras nas comunidades, debates radiofónicos e formação de ativistas que continuam a realizar visitas domiciliárias às vítimas.
A delegada da AMMCJ na província de Cabo Delgado afirmou ainda que a associação registou 20 casos de uniões prematuras desde 2019.
“Sempre tivemos problemas para dar seguimento aos casos, porque o que acontece é que os envolvidos desaparecem, enquanto os processos judiciais correm”, disse a fonte, acrescentando que os distritos de Montepuez, Metuge e Pemba estão entre os que mais
Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico, combatida desde 2021 com o apoio dos militares do Ruanda e dos países da África austral, esta última em processo de retirada do terreno desde abril, a concluir até julho próximo.
EAC // ANP
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Se é vítima de violência de género ou conhece alguém que o seja ou corra o risco de o ser, pode contactar a linha nacional de apoio 800 202 148 ou enviar sms para 3060. O serviço de informação, gratuito, anónimo e confidencial, funciona 24 horas por dia. Peça apoio. Denuncie.
Fonte: LUSA