Estudo revela Comportamentos Alimentares Nacionais
Noticiado pelos diferentes media, foi divulgado, no passado dia 25 de agosto, o Estudo “Como Comemos o que Comemos: um Retrato do Consumo de Refeições em Portugal” da Fundação Francisco Manuel dos Santos, realizado pela Universidade Católica de Lisboa e Universidade do Porto.
O trabalho analisa o consumo de refeições em Portugal no atual século e, à semelhança dos anteriores Estudos sobre o Uso do Tempo [CEIS/INUT/2015] revela-nos um retrato social, económico e, no que à CIG diz respeito, uma radiografia de género sobre o país.
«As mulheres exercem no mínimo mais meio dia de trabalho não remunerado por semana do que os homens em Portugal, distribuído pela confeção de refeições e outras tarefas ligadas ao cuidado do agregado. Esta diferença acentua-se quando se consideram apenas aqueles que exercem uma atividade profissional remunerada, fazendo com que as mulheres portuguesas profissionalmente ativas disponham efetivamente de menos tempo para o cuidado pessoal e o lazer do que os homens.»
«As diferenças entre [sexos] são óbvias e incontornáveis nesta matéria. O tempo médio diário dedicado pelas mulheres à confeção de refeições e atividades relacionadas é sempre superior ao alocado pelos homens, qualquer que seja o país analisado: cerca de mais 18 minutos em Portugal, 10 minutos na Bélgica, 24 minutos no Reino Unido e 30 minutos nos EUA. Acresce que a prevalência destas atividades entre os que mais tempo lhes dedicam diariamente é muito maior nas mulheres do que nos homens em qualquer um destes países, fenómeno que historicamente se repete em todos os inquéritos ao uso do tempo conduzidos mundialmente.»
Assim «as mulheres terão despendido 4,25 vezes mais tempo em atividades domésticas não remuneradas que os homens, em Portugal, em 2014, o que significa que é gasto mais tempo neste tipo de atividades no nosso país do que no Bangladesh, por exemplo. Valores superiores no mesmo ano só terão sido observados na Índia, na Argélia e na Turquia. Não é por isso surpreendente que (…), os homens portugueses tenham 50,0% mais tempo de lazer que as mulheres, dado ainda o envolvimento destas no mercado de trabalho ser cerca 5,0% superior ao da média da União Europeia. Em particular, e de acordo com os dados recolhidos pelo UKTUS em 2014–2015, existirá uma associação direta entre o aumento do tempo diário despendido na aquisição de alimentos, confeção de refeições e outras tarefas domésticas associadas, e a redução do tempo dedicado ao lazer nas mulheres, mas não nos homens.»
Embora a vida das mulheres portuguesas se distancie das suas congéneres de outras zonas geográficas (com regime político, religião, desenvolvimento económico, relações sociais e de género, etc., muito diferentes dos de Portugal) o Estudo “Como Comemos o que Comemos: um Retrato do Consumo de Refeições em Portugal” revela-se um útil instrumento de trabalho quanto à caracterização dos comportamentos alimentares da população nacional.