Estudo Nacional sobre Violência no Namoro demonstra que jovens ainda aceitam situações de violência
No dia em que se assinala o Dia dos Namoradas e dos Namorados, foram apresentados os resultados do Estudo Nacional sobre Violência no Namoro 2023, da responsabilidade da UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta, no âmbito do projeto ART’THEMIS, financiado pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG).
O Estudo Nacional sobre Violência no Namoro 2023 demonstra que 67,5% não perceciona como violência no namoro, pelo menos, 1 dos seguintes comportamentos: controlo, violência psicológica, violência sexual, perseguição, violência através das redes sociais e violência física.
Participaram mais de 6000 jovens do 7.º ano ao 12.º ano de escolaridade, do ensino regular ou profissional e de várias escolas distribuídas a nível nacional.
Atenta a este panorama, a área governamental da Igualdade, realizou diversas sessões para sensibilizar jovens e adultos para a necessidade de prevenção da violência desde idades.
A Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, foi à Escola Secundária da Ramada, em Odivelas, para debater a violência no namoro com as alunas e os alunos das turmas que participaram no projeto ART’THEMIS.
Os alunos e as alunas que participaram na sessão com a Ministra Ana Catarina Mendes falaram dos sinais de perigo nas relações de namoro: a manipulação, o controle o ciúme e a agressão. Falaram também sobre a necessidade de pedir ajuda a amigos e amigas, a docentes, a famílias e a profissionais para sair de relações tóxicas.
Ana Catarina Mendes lembrou que não se pode falar de violência no namoro sem falar de direitos humanos e referiu que “as relações devem ser um espaço de liberdade, de conhecimento do outro, de diversidade, de respeito pela diferença de pontos de vista e de consciência de que o poder da palavra é o maior poder para lutar contra a violência”.
Desafiou cada estudante a combater todas as formas de violência, psicológica, física e sexual, desde a mais tenra idade e afirmou “que nada melhor do que começar na escola para combater este fenómeno que nos envergonha a todos e a todas”.
Também nesta escola, a Secretária de Estado da Igualdade e Migrações, Isabel Almeida Rodrigues, alertou as e os estudantes para o dever de denúncia “porque o crime de violência é um crime público” e apelou a que levassem a questão da violência “a sério, pois por de trás das mazelas, está a nossa liberdade e a capacidade de tomarmos o nosso destino nas nossas mãos.” “Só o respeito integral por nós próprios, pelos nossos direitos, permite respeitar os outros”, afirmou.
Ao fim do dia foram apresentados os resultados do Estudo, no MUSEX, em Algés.
Nesta sessão, a Presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género alertou para a necessidade de continuação “do trabalho de prevenção junto das pessoas mais jovens para o reconhecimento e a não aceitação de comportamentos abusivos”. Para Sandra Ribeiro, é inaceitável “em pleno séc XXI, ainda ser necessário alertar para a violência no namoro.”
Estas conclusões foram secundadas pela Secretária de Estado da Igualdade e das Migrações, Isabel Almeida Rodrigues, que defende uma “aposta na intervenção primária como essencial para que rapazes e raparigas saibam reconhecer sinais de violência, estabelecer limites e criar noções de consentimento.”
O Estudo, realizado anualmente desde 2017, analisa a legitimação da violência no namoro pelos/as jovens e os indicadores de vitimação nas relações de namoro.
Os resultados deste estudo apontam para a importância da prevenção primária da violência de género em contexto escolar e desta ser desenvolvida de uma forma holística, sistemática e continuada, de modo a consciencializar crianças e jovens para a desconstrução da violência e para o desenvolvimento de relações interpessoais de namoro e de intimidade saudáveis.
É financiado pela CIG, no âmbito do Projeto ART’THEMIS+ “Jovens Protagonistas na Prevenção e na Igualdade de Género”.
Conheça o documento na integra.
Ainda neste dia, a Polícia de Segurança Publica relevou que as queixas registadas aumentaram 10% em cinco anos e que no ano de 2022 a violência no namoro entre jovens motivou mais de 2.200 denúncias.