Impacto do trabalho não pago de cuidado e doméstico no Produto Interno Bruto (PIB) português
A subestimação do valor do PIB, decorrente da exclusão do trabalho não pago de cuidado e doméstico, tem sido sublinhada, inclusive por organizações internacionais como as Nações Unidas ou a OCDE.
Um dos objetivos principais prosseguidos pelo projeto ‘O valor do trabalho não pago de mulheres e de homens – trabalho de cuidado e tarefas domésticas’ é a atribuição de valor a estas formas de trabalho através da respetiva monetarização, em Portugal.
Utilizando abordagens metodológicas complementares na escolha do conversor ou preço sombra a aplicar ao tempo despendido naquelas tarefas foi possível estimar que:
- o trabalho não pago de cuidado e doméstico poderá representar entre 40 mil milhões e 78 mil milhões de euros para a economia portuguesa,
- as mulheres asseguram mais de dois terços desse valor monetário total.
Assim, a valorização monetária do trabalho não pago de cuidado e doméstico levaria a um incremento significativo do PIB nacional, entre um mínimo de 18,6% e um máximo de 36% do seu valor.
Este projeto estima também que as necessidades de cuidado da população idosa representam atualmente cerca de 35% de todo o trabalho de cuidado necessário em Portugal, valor que poderá subir para 41% já em 2030 e para 51,4% em 2050. Tal implicará a subida do número de unidades de cuidado de pessoas mais velhas de 5.3 milhões para 8.3 milhões em 2050.
Estes são alguns dos resultados já obtidos pelo projeto ‘O valor do trabalho não pago de mulheres e de homens – trabalho de cuidado e tarefas domésticas’, que está a ser desenvolvido por uma equipa de investigação do CESIS – Centro de Estudos para a Intervenção Social, em parceria com a CITE – Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego e, a nível internacional, com o Institutt for samfunnsforskning (Noruega). É apoiado financeiramente pelo Programa ‘Conciliação e Igualdade de Género’, no âmbito do EEA Grants 2014-2021.