Atribuídos 60 mil euros a projetos de prevenção e combate à Mutilação Genital Feminina
Foram assinados no dia 1 de outubro, na Escola Nacional de Saúde Pública, os protocolos que assumem o compromisso de atribuição das verbas necessárias ao desenvolvimento de novos projetos de prevenção e combate à Mutilação Genital Feminina (MGF).
São 60 mil euros, que irão financiar 9 projetos que apostam na “identificação e o encorajamento de raparigas e mulheres para o ativismo contra a excisão”, salientou a Presidente da CIG. Para Sandra Ribeiro, este é um caminho importante que se tem vindo a fazer ao longo dos anos, pois “muitas dessas mulheres são (hoje) ativistas pela causa e protagonistas de ações e projetos” promovidos pelas estruturas associativas a que pertencem, circunstância que, em si mesma, “é empoderadora destas raparigas e mulheres a vários níveis.”
A territorialização é essencial para a prevenção e combate à MGF. Daí, a importância de que se revestem as ONG e entidades públicas e privadas que atuam localmente, mais perto das populações, como defendeu a Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade. É importante criar “espaços de diálogo, de proximidade e articulação entre o Governo, a academia, as entidades públicas, as comunidades afetadas por esta prática e as organizações da sociedade civil”, defendeu Rosa Monteiro.
Rosa Monteiro destacou ainda a 6ª Pós-Graduação em Mutilação Genital Feminina, ministrada, muito em breve, na Escola Nacional de Saúde Pública, e que “irá permitir qualificar profissionais a trabalhar nestes e noutros territórios e reforçar o potencial de investigação e produção de conhecimento nesta área.”
Os protocolos foram assinados entre a CIG e:
- Associação Mulheres sem Fronteiras
- Associação para o Planeamento da Família
- Associação dos Filhos e Amigos de Farim
- Associação de Intervenção Comunitária, Desenvolvimento Social e Saúde
- Comunidade Islâmica de Palmela
- Gentopia – Associação para a Diversidade e Igualdade de Género
- UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta
- Liga Portuguesa Contra a Sida
- A Casa Árabe Portuguesa, Associação de Apoio a Carenciados
Após a sessão, teve lugar uma reunião do projeto Práticas Saudáveis entre a CIG, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, o Agrupamento de Centros de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e as organizações apoiadas.
Este é um projeto essencial para o combate à MGF, dado que tem como principal objetivo a conceção de planos de ação locais nos territórios de maior risco de MGF na Área Metropolitana de Lisboa, tendo como pontos focais profissionais de saúde pública de Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES).
As ações desenvolvidas no âmbito deste projeto “irão contribuir fundamentalmente para alertar as comunidades quanto às consequências médicas e legais da mutilação genital feminina, capacitar profissionais de setores estratégicos e acompanhar famílias e empoderar mulheres e homens de todas as idades para que se tornem agentes ativos de prevenção desta prática”, defendeu Sandra Ribeiro.
O projeto Práticas Saudáveis “veio reforçar a intervenção nas áreas de maior prevalência e mudou o nosso panorama de combate à MGF”, salientou Rosa Monteiro.
Teve o seu início em 2018 com intervenção nos ACES de Almada-Seixal, Amadora, Arco Ribeirinho, Loures-Odivelas e Sintra. Em fevereiro de 2020, juntaram-se os ACES de Cascais, Estuário do Tejo, Lisboa Central, Lisboa Ocidental e Oeiras, e Lisboa Norte.