Engenheiras por um dia | Ciclo de workshops arrancou com testemunhos de mulheres que seguem o sonho de ir mais além
Decorreram no dia 11 de fevereiro, data em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência, as primeiras sessões do Ciclo de Workshops “Raparigas nas Engenharias e Tecnologias”.
A parte da manhã foi dedicada à exploração da questão “Dia das Raparigas na Ciência: Engenharia é Ciência?”. Com a participação de Margarida Serra, Maria Helena Braga e Cláudia Soares (todas professoras universitárias e investigadoras), percebemos que o caminho é difícil, mas não é impossível. A escolha de uma área tecnológica e científica é muitas vezes desvalorizada, mas a paixão pela experimentação e pela descoberta, levou estas mulheres a seguir o sonho.
“A ciência é a arte dos curiosos”, afirmou Margarida Serra. E são a curiosidade e a vontade de experimentar que movem as cientistas, pois “não há dogmas na ciência”, assegura Maria Helena Braga. A curiosidade, aliada à experimentação, dado que “existem áreas de engenharia onde tem de se misturar engenharia e ciência”, como admite Cláudia Soares, torna o estudo das ciências e das tecnologias algo de apaixonante. Além disso, todas as oradoras prevêem um futuro risonho para as engenharias e asseguram que estas são as disciplinas do séc. XXI.
Na sessão da tarde, o tema foi dedicado à exploração do espaço com “Um pequeno passo para as Mulheres , um grande passo para a Humanidade”, com a presença das astrofísicas Ana Afonso e Silvia Vicente, da Coordenadora de Políticas Europeias na área do Espaço, Vera Gomes, do professor e jornalista Fernando Carvalho e da escritora e investigadora Andreia Nunes. A moderação esteve a cargo da editora da revista Dois Pontos, Ana Lorena Ramalho.
Para a Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, que abriu a sessão, “a liberdade continua constrangida pelo estereótipo de género”, pelo que o objetivo destas, que estão a ter uma adesão massiva, é conseguir mostrar às raparigas que as áreas das tecnologias e das engenharias não são só para homens.
Rosa Monteiro considera que a decisão da carreira está também “muito dependente da forma como se cresce em sociedade”, pelo que este trabalho de consciencialização “tem de ser feito com todas as camadas etárias.”
Assistida maioritariamente por jovens do 3º ciclo e do ensino secundário, a sessão foi bastante concorrida, com algumas questões a serem colocadas às oradoras, principalmente sobre a carreira de astrofísica e o caminho a percorrer até chegar fase da investigação.
As diferenças no acesso à profissão também foram abordadas, nomeadamente a “dificuldade de acesso a cargos de chefia” (Ana Afonso), havendo a “necessidade de existirem mais mulheres em cargos de liderança” (Vera Gomes), dificuldades que são contornadas pela “paixão pela descoberta de novos mundos e a possibilidade de responder a questões” (Silvia Vicente).
A ciência também se vê nos livros infantis e, nesta área, a igualdade de género ainda não está minimamente alcançada. Para a escritora e investigadora Andreia Nunes, os livros infanto/juvenis são importantes “para a compreensão da vida” por parte das crianças, mas a literatura infantil continua a “explorar estereótipos”, no sentido em que “os personagens heróis masculinos continuam a ser predominantes”.