CIG celebra 43 anos com os olhos postos no futuro
A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género celebra hoje, 17 de novembro, 43 anos de existência. Durante o seu percurso, já foi Comissão da Condição Feminina (1975), Comissão para a Igualdade e os Direitos das Mulheres (1991) e, desde 2007, a atual denominação. Independentemente do título que detém, os objetivos mantêm-se: a defesa e promoção dos direitos humanos.
Inicialmente dedicada em exclusivo à obtenção da Igualdade entre Mulheres e Homens (objetivo ainda não atingido), ao longo do tempo foi alargando a sua atuação a outras áreas, nomeadamente a defesa dos direitos da comunidade LGBTI, o combate ao Tráfico de Seres Humanos, ou o combate às práticas tradicionais nefastas, como o é a Mutilação Genital Feminina.
A Violência contra as Mulheres, Doméstica e de Género tem recebido particular atenção quer no seu combate, quer no conhecimento aprofundado das assimetrias que a alimenta. Mas também a desconstrução de estereótipos, a recusa ao discurso de ódio, os Usos do Tempo, ainda tão desigual entre mulheres e homens, a diferença salarial, a dupla jornada o risco acrescido de pobreza para as mulheres, ou a ameaça de perda de direitos.
De forma a celebrar esta data, realizou-se uma conferência virtual com todas as trabalhadoras e todos os trabalhadores e para a qual foram ainda convidadas a Ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, a Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro. Além destas, a CIG teve ainda a honra de poder contar com os testemunhos sempre empolgantes de Maria do Céu Cunha Rêgo, 1ª Vice-Presidente da Comissão e ex-Secretária de Estado para a Igualdade, de Maria Regina Tavares da Silva, ex-Presidente da CIG e Teresa Joaquim, antiga trabalhadora desta casa e prolífica investigadora em matérias de igualdade entre mulheres e homens.
Iniciando a sessão, a Ministra de Estado e da Presidência destacou o papel fundamental desempenhado pela CIG no desenvolvimento dos direitos das mulheres, ao longo dos anos, o que resulta na “existência de 40% de mulheres em cargos dirigentes na Administração Pública” à data de hoje.
Tema incontornável, a COVID-19 trouxe demasiados desafios para as mulheres. Situações de violência doméstica são ainda um drama na nossa sociedade e a crise que vivemos afetou principalmente a vida das mulheres, dado que são elas quem ainda se ocupa de tarefas não remuneradas como a casa, os filhos e outras pessoas a cargo. Também aqui, a CIG desempenhou um papel fulcral no apoio a vítima de violência, através da criação de uma linha de apoio que já recebeu quase 1.300 pedidos de ajuda.
No campo profissional, muito ainda há a fazer. Teresa Joaquim não deixou de lembrar a noção que ainda grassa na sociedade, de que “determinadas tarefas são apenas executadas por mulheres”. E é aqui que também a Comissão pode fazer a diferença, nomeadamente através da “sensibilização das mulheres para as áreas tecnológicas, uma vez que vivemos numa era cada vez mais digitalizada”, lembrou a Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade de Género, Rosa Monteiro.
É essa mudança de mentalidades e atitudes, que era tão válida no início, como o é ainda hoje. Maria Regina Tavares da Silva lembra que a “educação e a sensibilização das Autarquias foram áreas de trabalho fundamentais para que se passasse da teoria à prática”, assim como a criação das leis de parentalidade, que “permitiram a desmistificação das crenças de que só as mulheres podiam ser cuidadoras”, lembrou maria do Céu Cunha Rêgo.
O trabalho estreito com as Câmaras Municipais foi igualmente destacado pelo Vice-Presidente da Comissão. Manuel Albano que defende “que esta aproximação, levar as ideias para o terreno, tem sido essencial para a resolução dos problemas das pessoas”.
Apesar de tudo, de todos os objetivos já alcançados, “muito ainda há por fazer”, nas palavras da Presidente da CIG. Sandra Ribeiro considera que “vivemos tempos difíceis, mas que o trabalho tem de continuar a ser feito”.
A pandemia trouxe novos desafios em termos de desenvolvimento do trabalho que deve ser desenvolvido. O trabalho à distância é uma realidade constante, mas “esse facto não deve ser desmotivador”. Pelo contrário, “deve ser encarado como um desafio em equipa, com os olhos postos nos objetivos futuros”. Até porque, “esta é uma organização onde quem trabalha, o faz com espírito de missão”.
Clique na imagem, para ver alguns rostos da CIG.