Maria de Lourdes Pintasilgo faleceu há quinze anos
Maria de Lourdes Pintasilgo foi a primeira e a única Primeira-Ministra em Portugal. Foi, também, Presidente da Comissão da Condição Feminina, atual CIG. Hoje passam quinze anos sobre o seu falecimento. Relembramos um pouco do impacto nacional e internacional desta mulher ímpar.
Nascida a 18 de Janeiro de 1930, teve uma trajetória singular. Graças à sua participação no movimento católico português e internacional, alcançou, ainda jovem, grande notoriedade. Este protagonismo, associado à sensibilidade para as questões sociais, conduziu-a ao envolvimento político.
Formou-se em Engenharia Química e iniciou a sua carreira profissional como investigadora na Junta Nacional de Energia Nuclear na qualidade de bolseira do Instituto de Alta Cultura. Rapidamente foi nomeada chefe de serviço no Departamento de Investigação e Desenvolvimento da Companhia União Fabril (CUF), entidade que aceitou pela primeira vez uma mulher nos seus quadros técnicos superiores. Trabalhou no Ministério das Corporações e Previdência Social até à instituição da Comissão para a Política Social relativa à Mulher, em 1973, para a qual foi nomeada Presidente. Esta comissão sofreu, com o decreto-lei n.º 47/75 de 1 de Fevereiro, uma mudança de designação, e passou a ser referenciada como Comissão da Condição Feminina, hoje conhecida como Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género – CIG.
Depois da revolução do 25 de Abril de 1974, Maria de Lourdes Pintasilgo foi nomeada Secretária de Estado da Segurança Social. Ocupou, como Ministra, a pasta dos Assuntos Sociais, e mais tarde assumiu o cargo de Primeira-Ministra, em 1979, a convite do Presidente da República Ramalho Eanes.
No exercício das suas funções, integrou a Delegação Portuguesa à Assembleia Geral da ONU, tendo aí realizado cinco intervenções, entre 1971 e 1972, subordinadas às problemáticas: o direito dos povos à auto-determinação; a juventude; a condição feminina; a situação social no mundo; a liberdade religiosa.
Do seu percurso, destacamos ainda «Cuidar o Futuro», uma publicação de referência que contou com contributos de variados especialistas internacionais, e que ainda hoje se encontra atual. Trata-se do relatório produzido pela Comissão Independente sobre População e Qualidade de Vida, presidida por Maria de Lourdes Pintasilgo, a convite das Nações Unidas, no ano de 1992.
Faleceu em Lisboa, aos 74 anos, a 10 de Julho de 2004.