4ª Conferência «Women4Mediterranean»: destaques do encontro
Lisboa recebeu a Conferência de Alto Nível «Women4Mediterranean – women build inclusive societies» numa co-organização da República Portuguesa com a União para o Mediterrâneo. Trata-se da maior plataforma regional de discussão e troca de experiências no que diz respeito à igualdade de género e direitos das mulheres da zona mediterrânica.
A 4ª edição da Conferência «Women4Mediterranean – women build inclusive societies» realizou-se em Lisboa após os 43 países da União para o Mediterrâneo (UpM) terem assinado em novembro de 2017, na cidade do Cairo, uma Declaração Ministerial que inclui um plano de ação ambicioso e inovador: as/os ministras/os da Igualdade da UpM comprometem-se a tomar as medidas necessárias e a criar políticas para a promoção da igualdade entre mulheres e homens, e oportunidades em todas as esferas da sociedade: vida política, económica e civil. Aconteceu a 10 e 11 de outubro de 2018 na Fundação Champalimaud, organizada pela primeira vez fora de Barcelona, onde se situa a sede na UpM. O alinhamento previu sessões plenárias, workshops, eventos paralelos, espaço B2B, zona de exposição fotográfica e de publicações.
O primeiro dia de eventos abriu com o segmento de alto nível composto por individualidades dos países anfitriões e co-organizadores: Nasser Kamel, Secretário geral da UpM, Maria Manuel Leitão Marques, Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa de Portugal e Marie Louise Coleiro Preca, Presidente da República de Malta.
Nasser Kamel refere, no discurso de abertura, o momento histórico único que estamos a viver relativamente à luta pela igualdade de género e de denúncia de desigualdades, que nunca como agora tinham sido expostas e discutidas nos media, na esfera pública e privada. “Estou convencido que a igualdade dos sexos é uma questão de progresso para todos, homens e mulheres, porque a autonomização das mulheres é o principal motor de inovação e crescimento, e representa um fator maior para a estabilidade das nossas sociedades.”
A ministra Maria Manuel Leitão Marques aponta o progresso que Portugal tem feito na conquista dos direitos das mulheres e na igualdade de género. Relembra que em 1970 somente 0,5% das mulheres com mais de 20 anos tinham acesso ao ensino superior em contraposição com a actualidade com 53,3% das mulheres a comporem a população estudantil universitária. Dirigindo-se a uma plateia internacional, destaca o esforço dos últimos quatro anos em que “o governo português colocou o centro das políticas públicas alinhado com as principais ações proclamadas na Declaração do Cairo: aumentar a participação de mulheres na vida pública, na tomada de decisão, aumentar a participação de mulheres na vida económica, combater as formas de violência contra mulheres e raparigas, e combater toda a discriminação e os estereótipos de género.”
Sarah Poole, Diretora Regional Adjunta para os Estados Árabes do Programa para o Desenvolvimento das Nações Unidas, orientou a sua mensagem para os estereótipos de género e o quão condicionantes são para as mulheres em particular, e para as sociedades em geral. “Toda e qualquer pessoa nesta sala foi influenciada por estereótipos ao longo da sua vida, muitas vezes numa base diária. Os estereótipos de género são tão profundos quanto danosos, entranhados através de condicionamentos antigos, alguns deles inconscientes mas outros conscientes. Por que é que isto é importante? Fundamentalmente porque não conseguiremos progredir completamente enquanto sociedade sem igualdade de género. (…) A igualdade de género é sobre formar uma relação igualitária de poder entre mulheres e homens. (…) Os homens devem envolver-se como defensores de género e aliados que conseguem transformar as normas, os comportamentos e estereótipos de género que perpetuam a discriminação e a desigualdade na sociedade.”
Já na sessão de encerramento da Conferência, Rosa Monteiro, Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, refere a importância da união e da inclusão para a construção de um futuro feito por homens e mulheres numa base de “igualdade substantiva”. Relativamente à realidade portuguesa, destaca a recente Estratégia Portugal + Igual, a lei “pioneira contra a discriminação salarial” aprovada este ano, e ainda o Plano de Ação que será apresentado em Novembro “decisivo na mudança das culturas e práticas no trabalho, na família e na sociedade em geral alicerçado no combate às assimetrias na divisão sexual no trabalho pago e não pago.”
As conferências UpM têm sido um catalisador de iniciativas regionais, novas ideias, colaborações e parcerias. Focam-se no papel das mulheres enquanto fazedoras de mudança e líderes na região, e exploram formas para que mulheres e homens possam ultrapassar barreiras sociais e culturais para a concretização da agenda euro-mediterrânica para o empoderamento das mulheres e o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
O programa e a informação oficiais podem ser consultados neste link: https://ufmsecretariat.org/event/ufm-conferences-women4mediterranean/