NZINGA

De África herdámos as nossas raízes, na diáspora construímos a nossa identidade, e com o Projeto Nzinga queremos criar uma nova comunidade. De mulheres afrodescendentes e empreendedoras, com ferramentas de emancipação financeira e oportunidades contra a exclusão. Sediado na Incubadora Social Ubuntu, que pertence ao Instituto Padre António Vieira-IPAV, o Projecto Nzinga, a implementar a partir de Março nas cidades de Coimbra e Lisboa, está estruturado no Método Ubuntu, assente num princípio que consideramos basilar: “Eu sou porque tu és / Eu só posso ser Pessoa através das outras pessoas”.

Nós somos Nzinga porque transportamos o legado da Rainha-Guerreira angolana Nzinga Mbandi (1582-1663), um dos expoentes máximos da autodeterminação do povo angolano, no combate à dominação colonial. Vividos quatro séculos desde o exemplo ímpar de Nzinga, a luta africana pela igualdade perdura, agora contra a subjugação socioeconómica, exigindo que uma nova geração de guerreiras assuma o comando da nossa história. Com autoconhecimento, autoconfiança, resiliência, empatia e sentido de serviço, dimensões fundamentais que o Método Ubuntu busca desenvolver.

Acreditamos que juntas podemos mais e melhor, e, tal como todas as iniciativas integradas no Programa Pontes Ubuntu, onde se inclui a Incubadora Social Ubuntu, o Projeto Nzinga expressa-se no plural. Sempre em coletivo, guiadas por uma “ética do cuidado” – em que cuidar de cada uma é cuidar de todas e do meio que nos envolve -, planeamos lançar a marca Nzinga, totalmente confecionada a partir de panos africanos e voltada sobretudo para a criação de roupa. A iniciativa, para além de favorecer a autossuficiência financeira e celebrar a cultura e estética africanas, pretende estimular o autoconhecimento, a autoestima e a valorização da identidade de cada uma das beneficiárias.

Para isso o Projeto Nzinga vai organizar, a partir de Março, mês da sua apresentação pública, ações de formação, oficinas de costura e workshops, orientados não apenas para a capacitação de mulheres afrodescendentes, mas também para a sensibilização da comunidade onde estão inseridas, no sentido de favorecer a sua integração e promover o consumo responsável. A partir da dinamização desta rede de partilhas esperamos criar um circuito para venda dos produtos Nzinga, baseado nas moradas físicas (Coimbra e Lisboa) e também online do projeto (site e redes sociais), e extensivo a feiras e outros pontos de distribuição. Mais do que se afirmar pelo impacto comercial da marca Nzinga, o seu garante de sustentabilidade, o projeto pretende consolidar-se como uma aliança coletiva contra a desigualdade. Porque à imagem da nossa filosofia Ubuntu – “Eu sou porque tu és / Eu só posso ser Pessoa através das outras pessoas” – só unidas, nós somos Nzinga.

Paula Cardoso/Equipa Projeto Nzinga