Estudo revela sexismo nas universidades portuguesas
Um estudo da autoria da socióloga portuguesa Maria do Mar Pereira revela a existência de sexismo nas universidades portuguesas.
Maria do Mar, professora Associada da Universidade de Warwick, onde codirige o Centre for the Study of Women and Gender, apresentou os resultados do estudo intitulado Power, Knowledge and Feminist Scholarship: an Ethnography of Academia, no dia 6 de julho de 2017, no simpósio “Sexismo nas Universidades Portuguesas”, que decorreu no Centro de Cultura e Intervenção Feminista de Lisboa, em Alcântara.
O estudo, pioneiro em Portugal e no estrangeiro, mostra que nos últimos 10 anos o discurso oficial nas universidades portuguesas se tem tornado mais igualitário e inclusivo, e há um maior reconhecimento público da necessidade de combater desigualdades (de género e não só) no meio académico. No entanto, este discurso oficial igualitário coexiste com uma cultura não-oficial marcadamente sexista. Em conversas de corredor, reuniões fechadas, em associações de estudantes e em muitas salas de aula, é possível observar diariamente formas mais ou menos explícitas de discriminação, ridicularização e menorização das mulheres e das pessoas lésbicas, gays, bissexuais e trans (LGBT), e da investigação científica que elas desenvolvem.
Para além de Maria do Mar, o simpósio contou ainda com as intervenções de Thais França, investigadora no ISCTE-IUL, tem estudado o sexismo e racismo dirigido a mulheres cientistas imigrantes em Portugal; representantes da Associação de Estudantes da FCSH-UNL que denunciaram no mês passado episódios chocantes de sexismo no Encontro Nacional de Dirigentes Associativos de 2017 em Viana do Castelo; Virgínia Ferreira, Professora na Universidade de Coimbra, Presidente da Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres, e especialista das relações sociais de sexo no mercado de trabalho; e Teresa Fragoso, Presidente da CIG – Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
O evento permitiu a discussão e reflexão sobre o sexismo académico, entendido como um inegável espaço de reprodução de desigualdades e discriminação das mulheres e do feminino.