Evocar Ana de Castro Osório
A 18 de junho de 1872, nasceu, em Mangualde, Ana de Castro Osório (1872-1935). Neste domingo, 18 de junho de 2017, faria 145 anos. E porquê evocar este nome? Porque Ana de Castro Osório (ACO) foi uma das figuras femininas, que pelas suas diferentes iniciativas, muito se destacou no final do Séc. XIX, mas sobretudo, nas primeiras décadas do Séc. XX. ACO foi escritora, foi editora, pedagoga, propagandista, militante feminista, no final da sua vida, talvez por desilusão, o nacionalismo e o conservadorismo conquistaram-na.
De personalidade muitíssimo forte e independente, ACO foi perseverante nos ideais que defendia, conquistou por mérito próprio um lugar no espaço público, espaço esse que por ser maioritariamente masculino estava fortemente vedado às mulheres. Combateu a monarquia e participou na revolução da 1.ª República. Foi, igualmente, contemporânea de importantes figuras femininas que lutavam já por direitos para as mulheres e que a inspiraram. Lutou, tanto escrevendo, como na atividade associativa, pela emancipação social e económica das mulheres. Promoveu a criação do Grupo Português de Estudos Feministas (1907), da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (1908) e da Associação de Propaganda Feminista (1911), etc. Em 1909 e 1910, empenhou-se profundamente na obtenção da lei do Divórcio. Esteve sempre ao lado de Carolina Beatriz Ângelo no processo que resultou naquele que foi um ato heroico, isolado, do voto de uma mulher para a Assembleia Constituinte, a 28 de maio de 1911.
A CIG sempre considerou essencial dar visibilidade a mulheres que foram determinantes no processo da emancipação feminina nacional e de cuja importância sempre esteve ciente. No âmbito das comemorações dos 40 anos de existência recorda-se que esta Instituição (CCF/CIDM/CIG) tem levado a cabo diferentes iniciativas para as recordar, nomeadamente, em 1979, no Boletim iniciou a rúbrica Mulheres Portuguesas; em 1980, publicou o livro “Feminismo em Portugal na voz das mulheres escritoras do séc. XX”, da autoria de Regina Tavares da Silva; em 2014 publicou o título “Ana de Castro Osório (1872-1935)” de João Esteves, entre outras. Para além de a(s) evocar, a Comissão tem tentado reunir o maior número possível de títulos desta autora (bem como de outras). Graças a essa persistência, o Núcleo de Reservados da nossa Biblioteca é detentor de uma vintena de títulos da autoria de Ana de Castro Osório, com relevo para a sua obra emblemática “Às mulheres portuguesas”, de 1905. Esta obra, bem como muitas mais, faz parte da Biblioteca Digital da CIG que mais uma vez, convidamos a consultar.